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A Invisibilidade Seletiva: Ciro Gomes e o Milagre Estatístico Brasileiro

Há 23 horas — Por Érico Santos

Imagem sem texto alternativo.
Foto: Divulgação

OPINIÃO - Digam o que quiserem da política brasileira, mas ninguém pode negar que ela é uma comédia de erros tão bem encenada que faria Shakespeare pedir para sair. E, como toda boa comédia, tem personagens que entram em cena, outros que dominam o palco... e um que simplesmente não aparece: Ciro Gomes.


O ex-governador do Ceará, ex-ministro, ex-candidato e, se depender dos institutos de pesquisa, futuro ex-mencionado, conseguiu um feito inédito: liderou uma pesquisa de intenção de voto e, ainda assim, desapareceu do noticiário como se fosse um vírus sem mutação midiática.


De acordo com um levantamento da Datafolha, em um cenário sem Lula e Bolsonaro, Ciro apareceu em primeiro lugar com 19%. Isso mesmo: dezenove por cento, com fonte, data e tudo. Mas como bons mágicos democráticos, os institutos tratam o dado como se fosse uma miragem no sertão nordestino. Na rodada seguinte, Lula e Bolsonaro voltam ao baralho e... puf! Ciro desaparece das simulações.


Talvez ele tenha sido abduzido pelo ET de Varginha dos algoritmos eleitorais.
Ou talvez, e aqui ouso ser realista, o problema não seja Ciro, mas o incômodo que ele causa ao roteiro estabelecido.
Ciro não é fácil. Ele fala grosso, bate sem pedir licença, tem uma verborragia que deixaria Sócrates zonzo e, pior de tudo: tem propostas. Reais. Explicadas. De forma didática. Com números. É como se aparecesse alguém no reality show da política trazendo um plano de governo no lugar de frases de efeito. Isso, meus caros, assusta mais que a fatura do cartão no dia 5.
E o que fazem os respeitáveis institutos? Ignoram. Porque, no fundo, medir opinião pública é importante, desde que a opinião esteja no cardápio permitido.


Colocar Ciro nas simulações onde ele “poderia crescer” ou “ameaçar o segundo turno” significa romper o binarismo tão confortável da política brasileira. Lula e Bolsonaro são a Marvel e a DC da eleição: você pode até preferir outro herói, mas o marketing já decidiu quem vai vencer nas bilheterias.


E Ciro? Ciro é um personagem alternativo, desses que aparece em HQ independente. Faz sentido. Como esperar que o establishment de uma democracia baseada em dinastias e delírios permita espaço para um nordestino briguento que insiste em dizer que o Brasil precisa mudar “de verdade”?
Ignorá-lo nas pesquisas não é desatenção, é estratégia. Porque invisibilizar é uma forma de matar politicamente sem precisar de um único ataque direto.


Os jornais se limitam a noticiar que “Ciro não decolou”, enquanto os aeroportos dos institutos já proibiram a decolagem desde a pista. Quando ele aparece em primeiro, o título vira: “Cenário improvável aponta liderança de Ciro Gomes.” E quando ele some, dizem: “Pesquisa não considera nomes inviáveis.” Inviável, no caso, é a chance do povo ter opção.


No fim das contas, se Ciro quer mesmo disputar a presidência, talvez deva mudar de nome. “Luiz Inácio Bolsonaro Gomes” parece funcionar melhor nas simulações.

Érico Santos é Formador Político, com ampla atuação partidária , coordenador núcleos partidários no agreste meridional. Atuou na coordenação de campanhas estadual e municipais em Pernambuco, Fundou e presidiu Ongs no Brasil e na Espanha.

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