
BELÉM – No segundo dia da COP30, nesta terça-feira (11), ativistas da Climate Action Network (CAN) protestaram nos corredores da zona azul, área das negociações diplomáticas, pedindo a criação de um instrumento multilateral que apoie a chamada transição justa. A proposta, batizada de Mecanismo de Ação de Belém (BAM, na sigla em inglês), busca coordenar esforços globais, compartilhar conhecimento e ampliar o acesso a recursos e tecnologias voltados à mitigação climática.
Segundo os organizadores, o BAM seria um espaço de cooperação entre países e instituições, guiado por princípios de direitos humanos, equidade e inclusão. Kevin Victor Buckland, representante da CAN e participante da conferência desde a COP12, afirmou que “os países ricos continuam se escondendo atrás do discurso de falta de dinheiro, enquanto a desigualdade global cresce”. Ele destacou que a crise climática é resultado direto da injustiça econômica e ambiental.
A CAN reúne mais de 1,9 mil organizações em 130 países e defende que os maiores emissores de carbono e as empresas que lucram com combustíveis fósseis paguem suas “dívidas históricas” e contribuam financeiramente para ações que beneficiem as populações mais vulneráveis. “Estamos exigindo que quem causou o problema pague sua parte justa”, declarou Buckland.
O protesto reuniu dezenas de manifestantes com cartazes defendendo justiça climática, direitos e equidade. Os ativistas criticaram a presença de milhares de lobistas da indústria de combustíveis fósseis dentro da conferência e afirmaram que ações simbólicas e criativas são formas legítimas de pressionar as negociações e mobilizar a opinião pública global.
Realizada pela primeira vez na Amazônia, a COP30 tem como meta recolocar o combate às mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais. Buckland reforçou que a transição justa deve ser também uma oportunidade para enfrentar as desigualdades estruturais deixadas pela colonização e exigir que grandes fortunas sejam taxadas para financiar soluções climáticas e sociais.



