
Desde que assumiu a gestão dos resíduos sólidos de Fernando de Noronha em agosto, a empresa Ambipar enfrenta críticas e denúncias de moradores e funcionários sobre a falta de preparo para operar no arquipélago. Entre os problemas relatados estão acúmulo de lixo, precarização das condições de trabalho e paralisações de funcionários. A administração da ilha notificou formalmente a empresa sobre as falhas.
A Ambipar opera com número de funcionários abaixo do estipulado em contrato e tem promovido demissões na equipe. Os trabalhadores denunciam sobrecarga, alojamentos inadequados próximos aos pontos de acúmulo de lixo, presença de insetos e roedores, e insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Diferenças salariais injustificadas também foram relatadas. Uma paralisação de duas horas ocorreu no dia 14 de outubro em protesto às condições de trabalho.
O serviço precário afeta diretamente a população local. O horário de coleta, tradicionalmente regular, vem sendo alterado e, em alguns casos, ocorre em horários de pico, prejudicando o trânsito nas ruas estreitas da ilha. Moradores relatam aumento de moscas e mau cheiro devido ao acúmulo de aproximadamente cinco mil toneladas de lixo.
A situação se agrava com a entrada da Ambipar em recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos, com dívidas estimadas em R$ 10 bilhões, o que levanta dúvidas sobre a capacidade da empresa de investir na operação em Noronha. A licitação que permitiu à multinacional assumir o serviço ainda é alvo de investigação pelo Tribunal de Contas do Estado.
A gestão de resíduos em Fernando de Noronha, reconhecida pela necessidade de planejamento ambiental e sensibilidade à comunidade, segue sob pressão. Moradores e comerciantes alertam para o risco de impactos negativos no turismo e no meio ambiente, enquanto a empresa busca alternativas para regularizar o serviço e atender às demandas do arquipélago.