
A Interpol incluiu na lista de difusão vermelha os nomes de oito foragidos da Operação Carbono Oculto, a maior já realizada no Brasil contra a infiltração do crime organizado na economia formal. Deflagrada na última quinta-feira (28), a ofensiva mirou a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) em instituições financeiras e empresas de combustíveis.
Entre os fugitivos estão Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo, apontados como figuras centrais no esquema criminoso. A difusão vermelha que reúne dados pessoais, fotos e crimes atribuídos aos procurados não equivale a mandado de prisão, mas alerta as polícias de 196 países membros da Interpol para a captura internacional.
A megaoperação mobilizou 1,4 mil agentes das polícias Federal e Militar, das Receitas Federal e Estadual e do Ministério Público de São Paulo, cumprindo 200 mandados de busca e apreensão contra 350 alvos. Apenas na região da Avenida Faria Lima, em São Paulo, foram atingidas 42 empresas, entre fintechs, corretoras e fundos de investimentos. Segundo as investigações, o PCC teria movimentado R$ 52 bilhões em operações fraudulentas, blindando os recursos por meio de 40 fundos de investimentos.
O esquema também alcançava o setor de combustíveis. A Justiça decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool, cinco administradoras de fundos e cinco redes de postos de gasolina, que somam mais de 300 endereços pelo país. Além disso, são investigadas 17 distribuidoras de combustível, quatro transportadoras, dois terminais portuários, seis refinadoras e até uma rede de padarias.
Apesar de indícios de vazamento sobre a operação, que permitiram a fuga de alguns investigados, as autoridades afirmam que os principais alvos estratégicos foram atingidos. A ofensiva representa um marco no combate à lavagem de dinheiro do PCC, ampliando a pressão contra o braço financeiro da facção criminosa.