
A investigação que culminou na prisão do prefeito de Turilândia, no Maranhão, revelou um esquema de corrupção de grande escala instalado dentro da estrutura do poder público municipal. Segundo decisão da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, uma organização criminosa atuou de forma contínua entre 2021 e 2025, desviando recursos públicos sobretudo das áreas de Saúde e Assistência Social.
O caso deu origem à Operação Tântalo II, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Maranhão. A ação resultou na prisão preventiva do prefeito Paulo Curió, do União Brasil, e da vice-prefeita Tânia Mendes, além de aprofundar as investigações sobre empresários, servidores públicos e vereadores do município.
De acordo com o Ministério Público, mais de R$ 56 milhões teriam sido desviados por meio de contratos fraudulentos e empresas de fachada. A apuração aponta indícios de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Parte dos recursos retornava ao núcleo político por meio da emissão de notas fiscais sem a efetiva prestação de serviços.
As investigações indicam que Paulo Curió ocupava posição central no esquema, direcionando licitações e autorizando pagamentos mesmo sem comprovação da execução contratual. A decisão judicial descreve a prática recorrente da chamada “venda de notas fiscais”, com empresas simulando serviços e devolvendo a maior parte dos valores ao grupo político. A vice-prefeita Tânia Mendes aparece como integrante do núcleo operacional, com vínculos empresariais utilizados para dar aparência de legalidade às contratações.
O esquema também teria alcançado a Câmara Municipal, com vereadores recebendo pagamentos e se omitindo do dever de fiscalização. Além disso, um operador financeiro seria responsável por gerir a circulação do dinheiro, criar empresas de fachada e distribuir propinas. Após a operação, o prefeito e a vice foram encaminhados ao sistema prisional, enquanto outros investigados passaram a cumprir medidas cautelares, como prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica.




