
O Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES), criado em Pernambuco com a promessa de reforçar o efetivo policial, tornou-se alvo de duras críticas por parte dos policiais civis. Segundo o Sindicato da categoria (SINPOL-PE), o projeto se transformou em um instrumento de exploração e adoecimento dos profissionais, que acumulam jornadas extenuantes em troca de uma remuneração considerada irrisória.
Atualmente, um policial recebe cerca de R$ 15 por hora trabalhada no PJES, valor que é pago com atraso e que, segundo o sindicato, não condiz com a responsabilidade de portar arma, enfrentar criminosos e arriscar a vida diariamente. “É menos do que muitos trabalhadores informais recebem em serviços avulsos, sem a carga de risco que acompanha a atividade policial”, denuncia o presidente do SINPOL-PE, Áureo Cisneiros.
O sindicato aponta ainda que a situação tem gerado sobrecarga de trabalho, aumento de casos de estresse, ansiedade e adoecimento da tropa. Para a entidade, o governo substitui concursos públicos e políticas de valorização da carreira por “remendos”, tratando o PJES como solução permanente para a crise da segurança.
Em recado direto à governadora Raquel Lyra, que já foi delegada de polícia, o SINPOL afirmou que não é admissível que policiais sejam tratados como mão de obra barata. “R$ 15 por hora, pagos com atraso, é uma afronta não apenas aos policiais, mas também à Constituição”, diz o texto da denúncia pública.
O sindicato anunciou que voltará a acionar a Justiça contra os atrasos e pede apoio da sociedade para pressionar o governo. “Os policiais civis de Pernambuco estão pedindo socorro. Não se trata apenas de salário ou hora extra, mas da dignidade de quem arrisca a vida para proteger a população”, concluiu Áureo Cisneiros.