
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode entrar em contato com ele “a qualquer momento” para discutir tarifas comerciais e outros atritos entre os dois países. “Ele pode me ligar a hora que ele quiser”, afirmou o norte-americano. “Vamos ver o que acontece”, completou, sem detalhar os termos de uma eventual negociação.
A declaração acontece em meio ao agravamento da tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Na última quarta-feira (30), Trump assinou um decreto que impõe tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros exportados para os EUA. O motivo, segundo a Casa Branca, é uma retaliação ao que Trump classificou como “caça às bruxas” contra seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em processo por tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
Apesar do tom punitivo, o decreto suaviza o impacto sobre setores estratégicos, como o de aeronaves, energia e suco de laranja, que foram poupados das tarifas mais altas. Questionado por jornalistas sobre os motivos da medida, Trump respondeu que “as pessoas que governam o país fizeram a coisa errada”.
No mesmo dia em que anunciou o decreto, o governo dos EUA também impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de violações de direitos humanos por supostas detenções arbitrárias e supressão da liberdade de expressão. Moraes é o relator do inquérito que apura a tentativa de golpe atribuída a Bolsonaro.
Apenas horas antes da publicação do decreto, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, havia se reunido com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington, na tentativa de reabrir os canais diplomáticos entre os países. A reunião marcou a primeira conversa de alto nível desde o aumento das tensões.
O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente sobre as falas de Trump. Uma fonte próxima ao governo, em condição de anonimato, afirmou que ainda não há conversa marcada entre os presidentes e que caberá a Lula decidir se buscará o diálogo.