O exército de Israel anunciou nesta segunda-feira (12) que libertou dois cidadãos israelenses mantidos como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza, em uma operação que ocorreu na madrugada e deixou dezenas de palestinos mortos.
As ações ocorreram na cidade de Rafah, onde estão abrigados mais de 1 milhão de refugiados palestinos que deixaram suas casas após o início do massacre de Israel no território. Até o momento, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 28 mil pessoas já foram mortas, a maioria é de mulheres e crianças.
Segundo a agência AFP, as forças israelenses invadiram "com explosivos" o segundo andar de um prédio, "abriram fogo contra alvos próximos e libertaram os reféns". Ambos são de origem argentina. Mais tarde, o governo da Argentina confirmou a informação.
As operações também contaram com ataques aéreos em Rafah, que, segundo o Ministério da Saúda de Gaza citado pela emissora Al Jazeera, deixaram ao menos 67 pessoas mortas. Os bombardeios atingiram 14 casas e três mesquitas na cidade.
A ofensiva desta madrugada contra Gaza ocorre em meio a uma iminente invasão terrestre de Rafah por tropas israelenses. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou militares para que evacuassem civis na cidade, indicando intenção de ocupar o território.
Representantes do Hamas, autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU), do Reino Unido e até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um dos maiores aliados de Israel, criticaram a decisão de invadir Rafah. A cidade, localizada ao sul da Faixa de Gaza, faz fronteira com o Egito e é usada como ponto de espera por milhares de palestinos que tentam deixar o território para escapar dos ataques israelenses.
Por isso, no último sábado, o Hamas disse que Israel irá cometer um "massacre" caso invada Rafah, já que os palestinos ali refugiados não têm saída por terra ou por mar.
A diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell, disse que "Rafah é um dos lugares mais densamente povoados do mundo, repleto de crianças e famílias, algumas já deslocadas muitas vezes pela guerra em Gaza". Segundo a funcionária da ONU, "cerca de 1,3 milhão de civis estão encurralados, vivendo nas ruas ou em abrigos". "Eles precisam ser protegidos. Eles não têm nenhum lugar seguro para ir", acrescentou.
Já na última sexta-feira (9), no segundo dia de bombardeios israelenses contra Rafah, Biden criticou publicamente as ações. "Minha opinião é que a resposta em Gaza tem sido excessiva. Há muitas pessoas inocentes passando fome, muitas pessoas inocentes que estão em dificuldades e morrendo, e isto tem que parar", disse. Nesta segunda-feira, Biden deve receber o rei Abdullah II da Jordânia na Casa Branca. Um cessar-fogo em Gaza deve ser discutido pelas autoridades.
Autoridades britânicas também disseram estar "profundamente preocupadas" pela possível invasão de Rafah, nas palavras do porta-voz do premiê britânico, Rishi Sunak. O secretário das Relações Exteriores, David Cameron, também disse que Israel deveria "parar e pensar seriamente" antes de avançar sobre Rafah.
Com informações de Brasil de Fato/Geisa Marques