
Durante uma palestra no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou um momento curioso ao afirmar que “foi juiz por 12 anos”. Rapidamente, ele se corrigiu: “Fui não, ainda sou”. A fala arrancou risos da plateia e reacendeu as especulações sobre uma possível aposentadoria antecipada do magistrado, que pode permanecer na Corte até 2033.
Barroso, que deixou a presidência do STF em setembro, afirmou não ter arrependimentos de suas decisões no tribunal, embora reconheça que não esteve “sempre certo”. “Eu sempre fiz o que achava certo. E consegui sobreviver em Brasília nesses últimos 12 anos, o que não é fácil”, brincou. O ministro reforçou que encerrou a gestão no Supremo, mas não a carreira, e evitou comentar sobre uma eventual saída do cargo.
Durante a palestra, Barroso também criticou o que chamou de “preconceito contra a iniciativa privada” no país, ao comentar as críticas que recebeu por participar de um jantar na casa do CEO do iFood, evento destinado a arrecadar recursos para um programa de ações afirmativas na magistratura. “Todo mundo tem interesse no Supremo: comunidades indígenas, parlamentares, empresários, entregadores, planos de saúde. E eu converso com todo mundo, como a vida deve ser”, justificou.
O ministro ainda abordou o protagonismo do STF, afirmando que o papel central da Corte é, de fato, “excessivo”, mas necessário para garantir estabilidade institucional no Brasil desde a redemocratização. “Quem mais provoca a atuação do Supremo é a própria política. Foi esse modelo que assegurou ao país 37 anos de estabilidade institucional”, defendeu.
Barroso também comentou sobre a atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que presidiu até setembro. Ele destacou que o Judiciário “pune quem se comporta mal” e minimizou a proporção dos casos de corrupção entre magistrados. “São poucas as coisas erradas que acontecem, mas só sai notícia de coisa errada”, disse.