
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (9) que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, contribuam com a arrecadação nacional pagando o "imposto devido a esse país". A declaração ocorre um dia após a Câmara dos Deputados retirar de pauta a votação da Medida Provisória (MP) que propunha a taxação de rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas para compensar a revogação de um decreto que aumentaria o IOF. Com a retirada, apresentada pela oposição, o texto perdeu a eficácia.
A MP caducada buscava aumentar a arrecadação e era crucial para o governo cumprir a meta fiscal. Originalmente, o texto previa taxar bilionários, bancos e empresas de apostas eletrônicas (bets), mirando arrecadar cerca de R$ 10,5 bilhões em 2025. O presidente, em entrevista à Rádio Piatã, na Bahia, criticou duramente a atuação de grupos de interesse: "É engraçado que o povo trabalhador paga 27,5% de imposto renda do seu salário e os ricos não querem pagar 12%, não querem pagar 18%”.
O foco de Lula agora se volta para o sistema financeiro digital. Ele destacou que existem fintechs maiores do que bancos tradicionais, mas que não pagam impostos proporcionais ao seu volume de negócios. "Eu volto na quarta-feira [15] para Brasília, aí sim, eu vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que tem fintech hoje maior do que banco, que elas paguem o imposto devido a esse país”, afirmou, sinalizando que a busca por receitas será intensificada.
Apesar da derrota no Congresso, com a caducidade da MP, Lula negou que o revés seja do governo. O presidente classificou o ato como uma "derrota imposta ao povo brasileiro", pois, segundo ele, a rejeição da medida frustrou a possibilidade de tirar "mais dinheiro dos ricos e distribuindo para os pobres". O governo, que havia feito concessões e negociações com o Congresso, agora terá que buscar outras alternativas, combinando novas fontes de receita com cortes de gastos obrigatórios, para honrar o compromisso fiscal.