
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta quarta-feira (8) que ainda não há conclusão sobre como bebidas alcoólicas foram contaminadas por metanol no estado. Segundo o último balanço, há 17 casos confirmados de intoxicação e 217 sob investigação desde agosto sendo 15 confirmações e 164 suspeitas apenas em território paulista.
Durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Derrite apresentou duas possíveis origens para a contaminação: o uso de metanol na limpeza de garrafas reutilizadas na falsificação de destilados ou a mistura deliberada do composto químico ao etanol para aumentar o volume das bebidas adulteradas. Ele voltou a negar qualquer ligação entre o caso e o crime organizado, em especial o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não há nenhum indício de participação do crime organizado”, declarou.
A posição do governo paulista contrasta com avaliações de setores do governo federal e da Polícia Federal, que não descartam a possibilidade de envolvimento do PCC em esquemas de importação irregular de metanol inclusive relacionados à adulteração de combustíveis. A divergência entre as investigações estaduais e federais tem alimentado tensões políticas sobre a condução das apurações.
Derrite também detalhou ações de repressão à produção ilegal. Desde o início da crise, destilarias clandestinas foram desmanteladas em Americana, Sumaré, São Bernardo do Campo e Osasco, resultando em 41 prisões. Segundo o secretário, embora os suspeitos atuem de forma coordenada, as investigações não apontam estrutura típica de uma facção. “O crime organizado busca lucros exponenciais com o tráfico de drogas. Seria irracional migrar para um negócio de baixo retorno como a falsificação de bebidas”, argumentou.